segunda-feira, 1 de julho de 2013

Uma Coca-cola com Você

“Tomar uma coca-cola com você é ainda melhor do que uma viagem a San Sebastian, Irun, Hendaye, Biarritz, Bayonne ou que ficar enjoado na Travessera de Gracia em Barcelona. Em parte porquê nessa camisa laranja você parece um São Sebastião melhor e mais feliz. Em parte porque eu gosto tanto de você. Em parte porquê você gosta tanto de iogurte. Em parte por causa das tulipas laranja fluorescente contra a casca branca das árvores. Em parte pelo segredo que nos vem ao sorriso perto de gente e de estatuária.
É difícil quando estou com você acreditar que existe alguma coisa tão parada, tão solene, tão desagradável e definitiva como estatuária. Quando bem na frente delas na luz quente de Nova York, às quatro da tarde, nós estamos indo e vindo de um lado para o outro como a árvore, respirando pelos olhos de seus nós e a exposição de retratos parece não ter nenhum rosto, só tinta de repente você se surpreende que alguém tenha se dado ao trabalho de pintá-los.

Olho pra você e prefiro de longe olhar para você do que para todos os retratos do mundo, exceto talvez às vezes o Cavaleiro Polonês, que de qualquer maneira está no Frick aonde, graças a Deus, você nunca foi de modo que eu posso ir junto com você a primeira vez. E isso de você se mover tão bonito mais ou menos dá conta do futurismo, assim como em casa nunca penso no Nu Descendo a Escada ou num ensaio em algum desenho de Leonardo ou Michelangelo que costumava me deslumbrar e o que adianta aos Impressionistas tanta pesquisa. Quando eles nunca encontraram a pessoa certa para ficar perto de uma árvore quando o sol baixava ou por sinal Marino Marini que não escolheu o cavaleiro tão bem quanto o cavalo.
Acho que eles todos deixaram de ter uma experiência maravilhosa que eu não vou desperdiçar por isso estou te contando.”


— Tomar uma Coca-cola com você - Frank O’hara 

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